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Tudo que vai deve voltar

 

Nathália Lima e Thamires Mattos

 

Conflitos no Oriente Médio não assuntam mais ninguém. No entanto, compreender os reais motivos da guerra entre palestinos e israelenses, para quem está longe, é tarefa difícil. Especialmente quando a mídia faz um trabalho “porco” e não publica a história de maneira factual e informativa. Quando se vive a realidade de guerra – neste caso, nas redondezas da Faixa de Gaza -, fica menos complicado falar abertamente sobre o assunto. Qualid Hamdadou é professor e jornalista na Argélia. Trabalha como freelancer e participa da cobertura de guerra entre palestinos e israelenses. Entre vários argumentos, Hamdadou é dono de uma opinião forte e irrevogável. Para ele, a guerra nunca terá fim.

 

Canal da Imprensa: De acordo com textos publicados pelo site da Al-Jazira é possível perceber um tom de opinião relacionada aos conflitos. Isso realmente ocorre?

 

Qualid Hamdadou: Desde a criação do Estado de Israel é possível perceber uma dicotomia cravada entre os israelenses e os palestinos. A política de Israel espalhou os árabes, o que fez com que guardassem um sentimento de rancor. Penso que a Al-Jazira não seja um lado defesa vigorosa da guerra através de sua linha editorial. Especialmente porque o número de mortes é muito grande. Também vejo que os atos de terrorismo cometidos por Israel passaram dos limites.

 

C.I: Quais são os pontos divergentes em relação às diferenças sociais entre judeus e palestinos claramente mostradas pela mídia e resultantes dessa guerra? Digo, qual é a visão de quem vive esta realidade e cobre os conflitos?

 

Hamdadou: Hoje, quando se discute o conflito entre israelenses e palestinos, o sentimento inoperante prevalece. Newsring (site de debates francês) optou por abordar este debate muito antigo de forma diferente, evitando pendurá-lo até a data, para restringi-lo aos últimos acontecimentos. Decidimos lançar este debate de forma aberta, objetiva e de forma pacífica. Palestinos, israelenses, quem está certo? Deveria existir uma declaração clara que permite total liberdade para comparar idéias, principalmente para quem vive esta realidade.

 

C.I: Em 1948, o Estado de Israel foi constituído. No entanto, a promessa de que um Estado palestino seria criado não foi cumprida. Você acredita que, nesse caso e período de tempo, é uma solução viável trazer essa ideia à tona e resolver parte do conflito com a criação do Estado palestino?

 

Hamdadou: Os palestinos jamais aceitarão a idéia. Eles querem sua terra e querem conduzir os israelenses que tomaram suas terras. Querem ditar a sua lei em seu próprio caminho e os judeus têm o controle remoto em todo o mundo para gerir os assuntos do mundo e, especialmente, para atordoar os árabes. De qualquer forma, os israelenses nunca irão reconhecer o Estado da Palestina e os palestinos jamais aceitarão viver com um inimigo que matou seus filhos e que queimou a sua terra.

 

C.I: Além da guerra na Faixa de Gaza, há um confronto entre as mídias. Quem está ganhando a guerra midiática? Israel com seu poder bélico ou o Hamas como vítima divulgando fotos de crianças palestinas sendo mortas?

 

Hamdadou: O poder midiático dos judeus é maior que o dos palestinos. A evidência é que tentam reduzir o número de mortes para mostrar a todos que Israel é poderoso e que o estado sionista está lutando com os terroristas do Hamas. Israel domina o exército e os meios de comunicação também.

 

C.I: Qual seria, na sua opinião, a mais efetiva solução para esses problemas?

 

Hamdadou: O que foi levado à força deve ser recuperado pela força. A guerra entre Israel e Palestina não vai parar até que o fim do mundo venha. Esse conflito foi citado no Alcorão.

 

C.I: As diferenças entre Hamas e Fatah, ambos pertencentes à palestina, acabam fazendo com que o problema não se resolva?

 

Hamdadou: Pode ser que sim, mas os palestinos devem reconhecer que, para enfrentar um poder que é alimentado pelos americanos, devem restaurar e prezar cada vez mais por seus estatutos.

 

C.I: A diáspora judaica espalhou os judeus mundo à fora. Mas isso não fez com que eles desistissem da “terra prometida”. Os palestinos, no entanto, tomaram posse dessa terra que, diga-se de passagem, não era mais de ninguém. Agora, com o Hamas no comando das decisões relacionadas à Palestina (incluindo Jerusalém e as outras partes geradoras de conflito), é possível haver paz e alguma solução que agrade a todos? Como fazer com que haja uma solução final para a guerra que envolve uma “terra de ninguém”?  

 

Hamdadou: Foi pela força, deve ser recuperado pela força, e não haverá paz entre Israel e Palestina. Os acordos de cessar-fogo ocorrerão, mas isso não significa que haverá paz nas terras palestinas.

 

    
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