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Jornalismo ou Publicidade?

 

O Estadão transparece uma despreocupação com o conhecimento de seu leitor quando não se aprofunda corretamente em relação ao conflito israelo-palestino. Além disso, senta e aplaude a imprensa internacional ao invés de produzir conteúdo

 

Emanoel Junior

 

Sabe aquela propaganda que chama atenção e até dá vontade de correr no mercado e comprar o produto? Então, o Estadão sabe bem o que isso significa. Em meio a um conflito extremamente complexo, o jornal reproduziu, por diversas vezes, reportagens de veículos internacionais, como o The New York Times. Em sua maioria, as matérias alertavam para o número de civis mortos e para o sofrimento do povo palestino. Numa tentativa de aparentar imparcialidade, evitavam condenar as ações israelenses diretamente, mas era evidente um posicionamento pró-Palestina.

 

Para quem não sabe, o conflito no Oriente Médio vai além de um país atacando outro. Basicamente, o povo palestino não é reconhecido internacionalmente como um país. Mesmo assim, se organizam politicamente e buscam a criação do Estado Islâmico (ou não, dependendo do ponto de vista). O Hamas, principal grupo político no “congresso” palestino no momento, promove discurso de ódio contra Israel e deixa claro que, para um Estado Islâmico existir, todos os judeus devem “sair do caminho”. Para atingir seu objetivo, eles fazem com que o povo acredite que se “sacrificar por Alá” é algo louvável. Provocam Israel que, por sua vez, atinge escolas, abrigos e mesquitas, e fazem com que a comunidade internacional se volte contra o governo israelense.

 

Sem se aprofundar, o Estadão ignora o contexto religioso e histórico da guerra, fazendo com que seus leitores tenham uma visão superficial e rasa sobre o tema. É como se faltasse auto-estima para o jornalismo brasileiro, insistindo em usurpar a produção estrangeira alheia. Isso não faz sentido, pois a carga cultural e política de um leitor brasileiro são diferentes das presentes na mente e no coração de um estadunidense, por exemplo. Com um entendimento prévio sobre o que está acontecendo, qualquer informação que chega é simplesmente adicionada. Não é necessária uma contextualização. No nosso caso, conhecemos as mazelas da nossa educação. Sobre conflitos no Oriente Médio, sabemos muito pouco, quase nada. Ainda estamos na fase de achar que árabe é tudo igual.

 

Infelizmente, estamos mergulhados em uma imensa escuridão de desinformação. Ficamos, portanto, de mãos atadas, impossibilitados de ajudar em uma possível resolução do problema. O Estadão, com toda sua representatividade no país, conserva a imagem de prestador de serviços para a comunidade. No final, ficamos em dúvida: quem tem a melhor publicidade? O Hamas que vende a imagem de uma Israel genocida ou o Estadão que vende a imagem de que faz jornalismo?

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