top of page

Mais do mesmo

 

A central de jornalismo pertencente a segunda maior rede de televisão comercial do mundo, Rede Globo, não deixa vir à tona informações significativas sobre o que acontece na maior guerra étnica da atualidade

 

Luiz Gustavo dos Santos

 

Oito de julho. Dia do vexame nacional. Uma cobertura que preferiu priorizar o drama futebolístico dos brasileiros a tratar com clareza os conflitos entre israelenses e palestinos. Estes resistiam e desencadeavam, neste dia, uma nova série de ataques.

 

Apesar de contar uma parte do lado de Israel, como na edição que mostra a população sendo avisada de novos ataques via mensagem celular e panfletos, eles concluem tendenciosamente e deixam de lado a informação isenta de opinião, conversando com uma freira de uma igreja que quase foi atingida e com um dos produtores que relata por telefone o momento em que bombas atingem locais próximos a ele. Basicamente, o que o noticiário diz é que os palestinos são massacrados por Israel. Até aí, sem novidades. Como quase toda a cobertura efetuada.

 

No início das matérias, o Jornal Nacional, por exemplo, põe os palestinos em primeiro plano em todas as suas chamadas de matéria relacionadas ao assunto. Tentando dramatizar um pouco mais, ressalta sempre a morte de crianças, mulheres e idosos, como na edição que Bonner diz “passar de 200 o número de palestinos mortos na ofensiva israelense à Faixa de Gaza”. Na mesma edição ainda, o correspondente Rodrigo Alvares conversou com um palestino e dois brasileiros que vivem no território. O som de bombas colocado como plano de fundo enquanto um dos brasileiros conta como foi a última noite de bombardeios revela parcialidade e uso da técnica conhecida como semiótica.

 

Seria apelativo noticiar a morte de duas mulheres após ataques israelenses a um centro de reabilitação e a uma mesquita? Não seria. Porém covarde da parte do jornal. Cobrir um confronto pede, no mínimo, uma contextualização de fatos. Apenas dizer que Israel acusa o Hamas de usar a população como escudo humano não mostra para os telespectadores que integrantes desta facção considerada terrorista efetuam seus ataques em escolas, mesquitas e lugares propícios a mortes de civis. E os ataques a Israel, parafraseando Alvares, “onde os danos são muito menores”, são relatados com indiferença e transmitidos como curiosidade e “baboseira”.

 

Rasa e leviana! Noticia apenas ataques, feridos e mortos, sem trazer a questão histórica por trás dos conflitos. O canal da família Marinho tenta nos convencer de que os culpados por sua programação fútil somos nós. Com a informação nas mãos, eles nos “presenteiam” com “sobras jornalísticas” e ainda jogam a culpa na nossa bagagem cultural. O pior de tudo isso é que a televisão tem o poder de pautar o que assistimos e, propositalmente, nos mantém na ignorância.

 

Da edição à forma que este meio passa as informações para o telespectador, detecto que reproduzir e mostrar sempre “mais do mesmo” é o que se pode esperar da Globo. Mais da mesma porcaria sem conteúdo aprofundado e sem imparcialidade de sempre.

 

bottom of page