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Veja apenas o "importante"

 

Luiz Gustavo Santos

 

Nada além do que é pautado por outras mídias é abordado pela Veja, e isso faz com que ela entre para o hall das mídias consideradas rasas. Quando o assunto é a América Latina, sendo claro, é publicado o que “tem que ser publicado” e nada a mais. Veja somente.

 

É fato que a América Latina é rica em cultura, recursos naturais, ideologias e economias em potencial, porém a mídia a menospreza em âmbito geral. Das matérias noticiadas pela Veja, a maioria se resume a coisas como: "ONU reforça pedido por libertação de opositor venezuelano"; "Chile: Ex-ministro de Pinochet é preso";  "Dois morrem em confronto de torcidas na Argentina"; "Empresa encontra primeira grande reserva de petróleo no Paraguai"; "Evo Morales venceu eleições na Bolívia com 61% dos votos". Cobertura até bacana, em uma análise mais superficial. Mas um periódico com potencial como o que Veja tem, o poder de informar e de levar culturapara uma massa de pessoas é fortíssimo e deveria prevalecer frente a interesses. Parece que ela prefere usar este poder apenas para "chover no molhado", como se se eximisse todo tempo de seu papel formativo e de prestadora se servicó. O que Veja noticia, inclusive, chega mais rápido aos receptores através de outros veículos de mídia.

 

O objetivo desta análise é refletir sobre influencias e seus efeitos na grande mídia. Principalmente uma mídia de acesso relativamente alto no Brasil. Como brasileiros não é possível negar o papel direcionador, de influencia, a que somos submetidos  pelos Estados Unidos da América. Ninguém que tenha exercido minimamente seu senso crítico poderia negar.

 

Vale uma reflexão. Há um excesso de valorização da cultura norte-americana. Certo? Responder não a esta questão é indicar pouco poder de observação ao entorno.  Moletons "GAP", cinema hollywoodiano, aulas de inglês (mas não de espanhol), seriados estadunidenses, estilo de roupas, playlists nos dispositivos móvei, e um sem número de outros produtos consumidos pela massa deste país sem que, sequer, deêm-se conta disto. Aposto que enquanto lia a lista acima, caro leitor, tampouco se lembrou que os países latinos também fazem parte da América. O fato é que desvaloriza-se este conhecimento e esta cultura sem qualquer tipo de reflexão.

 

De quem é a culpa deste processo de norte-americanização? Fácil responder. Por uma questão cultural os brasileiros são “educados” pela mídia a venerar a cultura imperialista e relegar ao ostracismos seus parentes culturais e étnicos. Logo, concluir que a mídia é uma das fortes razões que pautam o interesse  e a vida do povo tupiniquim é lógico. Quem somos nós? Marionetes e fantoches estadunidenses?

 

 Quem define o que deve ser pauta de mídias como Veja, por exemplo? Você! Afinal, além dos interesses financeiros e políticos que circulam nos bastidores de um veículo deste porte, uma revista com esta tiragem se preocupa em níveis descomunais com o "ibope". Vão escrever o que se vende, claro.

E como consumidores, perpetuamos este comportamento. Quem é quee compra semanalmente nas bancas o periódico? Apesar de tudo, não se pode desconsiderar que a revista Veja deveria exercer um poder de direcionamento, de formação ao pautar-se. O que ela escreve também é de sua responsabilidade.

 

O importante é entebder, mesmo que um pouco, nosso papel como fomentadores de pautas. Como agentes ativos no processo de imporo e mudar o que é tratado pela mídia e, principalmente, por veículos como Veja.

 

A América Latina encerra em si riquezas grandiosas e diversas. Se o brasileiro pouco conhece disto, não deveria atribuir a si mesmo toda a culpa. É hora para atitudes. Se o contato com mídias mais populares não tem respondido a esta necessidade, deve haver um movimento de pró-atividade em busca de outros materiais e meios alternativos a fim de suprir esta carencia. Meios que, por sinal, exercem com qualidade o papel de retratar nossa realidade vizinha.

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