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Carnavalização do petróleo

 

Um grande esquema de lavagem e desvio de dinheiro envolveu empreiteiras, políticos brasileiros e a maior empresa estatal do país - a Petrobras 

 

Kimberly Dias

 

 

Que o Brasil está em crise todo mundo sabe e todo mundo já sentiu. Ela tem atingido da classe baixa à alta, além de alcançar todos os tons da paleta étnica de cores. A mídia internacional tem nos observado e noticiado a corrupção de forma dura. Isso é compreensível, afinal a sociedade deve agir de forma severa perante tal “roubo” ao próprio bolso e, principalmente, não permitir que o carnaval de corrupção que assola o país tenha liberdade para sambar na cara dos brasileiros.

 

A revista americana Forbes - de negócios e economia - tem abordado o mais novo escândalo do governo: a Operação Lava-Jato. As manchetes e comentários são ácidos e objetivos. Demonstram ser imparciais e não tem medo de colocar a cara no sol e dizer com sinceridade o que esse país precisa ouvir. Os jornalistas fazem de forma crítica, irônica e algumas vezes exagerada. Entretanto é um caminho autêntico para chamar a atenção da sociedade e do próprio governo.

 

A Forbes deixa claro que a Petrobras está lutando contra o pior escândalo de corrupção corporativa da história brasileira. Todos seus principais executivos renunciaram o cargo e, com exceção da gigante petrolífera russa Rosneft, a estatal do Brasil é a única grande companhia de petróleo que é liderada por um homem com nenhuma experiência no campo. É a pior crise que uma companhia petroleira já passou. Um grande desapontamento para os investidores nos últimos anos.

 

Na postagem do dia 20 de fevereiro deste ano tem como título The Petrobras Pigsty Gets Stinkier (O chiqueiro da Petrobrás fica mais fedido). O repórter Kenneth Rapoza declara que “tão baratas como estão (as ações), é muito difícil ser positivo a longo prazo sobre esta unidade, graças a um escândalo de corrupção vergonhosa”. Ele também conta que investidores cortaram suas participações da corporação e expõe a declaração de João Pedro Brugger, um gerente de portfólio da Leme Investimentos, obtida do Wall Street Journal, que disse, "grandes investidores internacionais preferem ficar longe da Petrobrás, pois a incerteza em torno da empresa é enorme. Então, eles optaram por tomar um caminho conservador até verem um cenário mais claro para a empresa”. Rapoza acrescenta que “esta empresa realmente fede, e é assim há anos. Mas no ano passado definitivamente pagou o grande preço, chiqueiro mais bagunçado em mercado de capitais do Brasil”.

 

Um mês depois, na revista de economia estadunidense, o repórter Gaurav Sharma na matéria intitulada Ripple Effect of Petrobras on Brazilian Investment Scandal (Efeito cascata da Petrobrás no escândalo do investimento brasileiro) afirma que nunca é um bom momento para qualquer empresa se envolver em um escândalo de corrupção. “No entanto a humilhação permanente de proporções gigantescas engolindo a estatal brasileira abalou o setor de petróleo e gás do país num momento em que ela é a pior colocada para lidar com isso”.

 

A Forbes apresenta um contentamento com as investigações da operação Lava-Jato, afinal é uma boa notícia para a transparência política. Entretanto o veículo não aparenta ter esperanças na Petrobrás. Pelo menos não a curto prazo. “Ela só afundará mais, a menos que o ex-banqueiro que assumiu a presidência da petrolífera dê a esse chiqueiro o tipo de lavagem à jato que realmente merece”, declara Kenneth Rapoza.

 

Já nós, brasileiros, vítimas (ou não) dessa recessão confusa que estamos enfrentando, não temos outra opção a não ser lutar contra a exploração e a favor da transparência no governo. Se a mídia internacional sem partidarismo já está lutando de forma autêntica por um governo com capacidade de alcançar o status de país desenvolvido, por que nós, nativos, ainda estamos inertes ao desfile da corrupção a qual o Brasil é a escola campeã? E que culpados sejam punidos – se de certa forma também somos cúmplices, já estamos cumprindo nossa pena que certamente tem um dia para terminar, mas que ainda não se sabe qual é. Como diria Los Hermanos, todo carnaval tem seu fim. 

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