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Lava-Jato pode lavar a alma do brasileiro

 

Cley Medeiros

 

A operação que deflagrou um dos maiores esquemas de corrupção da história ganhou notoriedade internacional. Com o Brasil na capa da edição para as Américas do mês de fevereiro deste ano, a revista The Economist, importante pela segmentação em economia e mercado, aponta para as falhas nos mandatos de Dilma Rousseff à frente da Presidência da República e, os recentes escândalos na Petrobras. A publicação dá ênfase aos desdobramentos da operação Lava-Jato, seguindo a cartilha de noticiar o Brasil diante de fatos contraditórios.

 

O país apontado pela Economist, em edições de 2009 e 2010, como um gigante que havia acordado e protagonizado a dianteira do desenvolvimento econômico na América Latina, rendeu títulos como Take off com o Cristo Redentor decolando em sinal de crescimento. Mas os termos mudaram nos últimos meses.

 

Na edição de carnaval, a reportagem de capa tem uma passista de escola de samba em meio a lama. In a Quagmare levou o título em português de O Atoleiro do Brasil. Informações sobre a corrupção na Petrobras foram reveladas, dando ênfase aos diretores, políticos e empresas que fizeram parte do esquema e estão para ser julgados no Supremo Tribunal Federal (STF).

 

Além de dedicar oito páginas em duas reportagens sobre os recentes dados divulgados pela Polícia Federal do esquema de corrupção na estatal, a publicação constrói severas críticas ao silêncio do Governo Federal diante das denúncias. O que a revista chamou de “a omissão de Dilma” rendeu até um editorial destacando o envolvimento de políticos do Partido dos Trabalhadores (PT), no esquema, optando por não mencionar nomes de outros partidos, ainda que deputados do Partido Progressista (PP) sejam maiores em número de envolvidos.

 

A percepção econômica diante de uma investigação com base política é o grande diferencial da revista, evidenciando que mesmo em face das dificuldades existentes em um governo, o resultado da punição dos envolvidos, no esquema, oferece ao Brasil o remédio para acabar com a corrupção. A impunidade, segundo a revista, trava o Brasil no “crescimento regional”, como afirma a reportagem de fevereiro da mesma edição.

 

Segundo The Economist, o Brasil precisa de uma política que adeque a Petrobras aos interesses nacionais, e não àqueles de seus gestores. "Isso significa reduzir o tamanho da empresa e colocá-la na competição por mercado", afirma a reportagem The big Oil (O grande óleo) de fevereiro deste ano.

 

A partir do momento em que escândalos são descobertos, e envolvidos são punidos, há um início do que em inglês se chama accountability, a responsabilização de funcionários públicos pelas suas ações e o processo pelo qual a corrupção é descoberta, exposta e investigada – levando a um sistema político mais transparente. “Pode ser o caso do Brasil nos últimos anos, mesmo que a passos lentos”, conclui a revista em sua última edição sobre o Brasil. 

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