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A constante busca pelo embelezamento

 

O Brasil ocupa, hoje, a terceira posição com relação à atuação na Indústria da beleza. Segundo a nossa entrevistada dessa edição, a professora e coordenadora do Curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí - Univali, Juliana Cristina Gallas, o país possui um mercado sério e uma economia preocupada com a qualidade do que se é oferecido nesse setor. Confira a entrevista concedida ao Canal da Imprensa. 

 

Daniela Fernandes

 

Canal da Imprensa: O mercado da beleza emprega direta e indiretamente 2,5 milhões de pessoas e vem criando atrativos para novos investimentos e negócios. Há como dizer quando a beleza se tornou algo comerciável?

Juliana Cristina Gallas: A história da beleza existe muito antes de Cristo, mas esse mercado se consolidou e começou a se tornar um negócio promissor ou propulsor da economia nacional nos últimos dez anos. A partir disso é que conseguimos observar o crescimento desse mercado direcionado para a Indústria econômica. Hoje, o Brasil é um dos únicos países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que se encontra como terceiro colocado na Indústria da beleza. Dessa forma, podemos entender que, nesse caso, o Brasil possui um mercado sério e uma economia que se preocupa com a qualidade do que está oferecendo.

 

C.I: Quais são os riscos da banalização das cirurgias estéticas?

Juliana: Alguns documentários e reportagens demonstram algumas maleficências da cirurgia estética, porém também percebemos que a medicina estética brasileira é bastante avançada, ou seja, depende muito do organismo de cada indivíduo; e de como ele se cuida e se prepara para uma intervenção cirúrgica. Nós, do Curso de Cosmetologia e Estética, somos profissionais preparados para atuar no pré e pós-operatório, nossa linha de atuação diz respeito a prevenção e manutenção de uma operação. Temos todos os cuidados profissionais para que não haja nenhum malefício advindo de uma cirurgia estética.

 

C.I: Há um descaso com a necessidade do pré e do pós-operatório?

Juliana: Em alguns casos não há um conhecimento sobre a necessidade do cuidado do pré e pós-operatório. Muitas pessoas entendem a cirurgia plástica como um processo fácil de emagrecer, enquanto isso é errado. O processo estético auxilia e favorece a estrutura do corpo, mas o indivíduo precisa fazer exames e acompanhamento profissional para que não tenha prejuízos a curto e longo prazo.

 

C.I: O índice de obesidade cresce de maneira alarmante na mesma proporção que a busca por um corpo ideal aumenta. Há um conflito entre o mercado dos fast foods e o mercado da beleza?

Juliana: Infelizmente são conflitantes sim. Ao mesmo tempo que existe um alto índice de obesidade - tendo em vista que, hoje, a obesidade é considerada uma doença -, temos concumitantemente o mercado da estética preocupado com a beleza, bem-estar e harmonia do corpo. Ao estudarmos estética e tentar melhorar nossa atuação nesse contexto, precisamos entender o que ocorre nesses mercados, pois são áreas preocupadas em desfrutar do benefício financeiro. Assim, conseguimos identificar como iremos auxiliar o mercado da estética nesse cenário. Com certeza é uma briga muito grande.

 

C.I: A mídia pode ajudar a atingir um equilíbrio entre esses dois segmentos de mercado?

Juliana: Eu creio que a mídia por si só não ajudaria. Penso que a consciência das pessoas em consumir está vinculada à obtenção de informações. Hoje, é possível ter acesso à quaisquer conhecimentos. Escolher entre ingerir fast foods ou alimentos saudáveis está vinculado a uma escolha pessoal. A mídia, na verdade, alimenta o mercado. Não prejudica ou favorece.

 

C.I: A recompensa traga pela beleza em nossa atual sociedade é grande. Obtenção de emprego, facilidade em se socializar, relacionamentos amorosos, etc. O que leva as pessoas a acreditarem que vale a pena arriscar a saúde em prol de um padrão de beleza?

Juliana: Eu não gosto da ideia de que o mercado exige um padrão de beleza. Acredito que uma empresa tem a preocupação de ter um funcionário saudável. Quando olho para um obeso, me preocupo como será o desenvolvimento dele no mercado de trabalho. A preocupação está em outro contexto. Como falávamos anteriormente, a mídia contempla a beleza como a beleza magra. Porém não significa que todo magro é saudável. É preciso ter um bom senso em entender todo esse processo. Como as pessoas podem compreender isso quando vão procurar um emprego? Bom, creio que seja a lei da oferta e da procura, a qual determina toda essa situação.

 

C.I: A busca pelo embelezamento e pela preservação da juventude é a uma tendência sem limites de duração em nossa sociedade?

Juliana: Com certeza. Se você observa a crise econômica que vivemos no país e olhamos para o salão de beleza e para a clínica estética, percebemos que as pessoas não deixam de consumir esse serviço ou produto. Há itens do mercado de beleza que acabaram se tornando essenciais para as mulheres e homens. Mais e mais, os indivíduos se interessam em saber da área, tanto consumidores quanto fornecedor. 

    
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