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Utopia corporal

 

A controversa do bem-estar e o exagero estético masculino, afetando a identidade do indivíduo em meio uma sociedade ditada pela beleza 

 

Geovanne Souza

 

Em um século onde tudo o que consumimos são anúncios, é impossível não considerar que os homens acompanham a demanda da estética masculina. Para muitos homens, a aparência não é questão de brincadeira. Hoje, é comum andarmos pelas ruas e encontrarmos indivíduos com as pernas depiladas. Algum problema? Muitos afirmam que não há e defendem que não existe novidades quanto a esse ato que é considerado um tanto inadequado para a ala machistas. Mesmo antes de Cristo, homens e mulheres na Índia, Roma e Grécia depilavam o corpo, tradição que está se democratizando e se tornando famosa entre os vaidosos. Um dos metrossexuais mais famosos e representante declarado da Indústria da Beleza é Cristiano Ronaldo, jogador de futebol que influencia outros a se inclinarem a certas modas.

 

A mídia, por sua vez, não perde tempo em vender seus estereótipos e acessórios populares femininos para homens. Cláudia Facchini, em uma reportagem para o portal IG, expõe que “especialistas em beleza masculina garantem que, daqui a vinte anos, os homens vão raspar ou depilar os pelos do corpo sem que isso coloque em xeque a sua masculinidade”.

 

O filme Magic Mike, dirigido por Steven Soderberg, apresenta a imagem masculina não apenas como financiador dos desejos femininos, mas como um participante ativo do consumo de cosméticos, vestuário, acessórios básicos para beleza e produtos masculinos sofisticados e eróticos. A tática da sedução masculina é exposta e vai de encontro com a demanda feminina. Mostrando a procura das mulheres por homens másculos, definidos e que são capazes de fazer esquecer o que elas deixam em casa.

 

O desempenho e e desenvolvimento de alguns homens podem levá-los ao narcisismo. Quanto mais tempo passam na frente do espelho ou na academia, maior será sua propensão a esse transtorno. Além disso, o narcisismo pode surgir do fato do indivíduo nunca estar satisfeito consigo mesmo. A intensificação do consumismo será então um indicador da necessidade pessoal de se atingir o “corpo ideal”.

 

Ao retratar isso no filme, Soderberg cria um personagem desejado pelas mulheres e de estereótipo estético perfeito que, na realidade, não tem controle sobre si e não é nada além de uma vítima das exigências do mercado da beleza. Emilly Grijalva, professora adjunta de Recursos Humanos da Universidade de Buffalo, em Nova Iorque, explica que “o narcisismo está relacionado a diferentes disfunções mentais do indivíduo, entre elas, a incapacidade de manter relações duradouras com os outros, a agressividade e os comportamentos não éticos, etc”.

 

Logo, a procura pelo bem-estar deve ser o equilíbrio para não extrapolarmos e não nos submetermos à exploração da Indústria da Beleza. Deve-se ter autocontrole, pois a beleza não dura eternamente. 

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