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A beleza estabelecida

 

Cheia de métodos e fórmulas, Vogue carrega em si maneiras de ditar um estereótipo de beleza 

 

Ísis Barreto

 

É fácil notar que, a cada dia que passa, a mídia lança novas ideias e propostas de como alcançar a beleza ideal/corpo perfeito. Muitas vezes de maneira até imperceptível entramos na “onda” da ditadura da beleza. O texto a seguir refere-se a uma análise do conteúdo do site e revista Vogue. Observando, principalmente, o estilo de vida que é proposto em seus textos.

 

Sabe-se que a Vogue é uma revista de conceitos de padrão elevado, alta costura e eventos cheios de glamour e luxo. Porém analisando seus últimos textos, tanto no site como na revista podemos encontrar matérias que carregam em si conteúdos de modinhas populares. Ainda é visto muito material com teor para a elite, contudo há uma discreta adequação dos conteúdos para que se possa alcançar também as classes mais baixas.

 

Com seu conteúdo de moda passarela-desfiles, em praticamente 100% da revista e site, o que se vê são fotos de mulheres magérrimas e, em sua maioria, brancas. Será que poderíamos taxá-la de racista? Será que a Vogue no Brasil não é mal representada, já que grande parte das brasileiras são negras ou morenas? Além disso, as modelos também estão sempre usando roupas de marca e muito sorridentes. Passando a impressão de que para ter uma vida plena e feliz é necessário estar dentro dessas características citadas.

 

Mas para quem não se encaixa nesses quesitos, não precisa se preocupar, já que a Vogue traz métodos e maneiras de entrar nesse universo, como por exemplo, através das dietas milagrosas. Assim tem-se também a matéria sobre o pirulito emagrecedor, usado por celebridade e que está funcionando. “É exatamente sobre os chamados Power Pops que a matéria A Dieta do Pirulito de Natália Rangel discute na edição de abril da Vogue Brasil. Feitos sem adição de açúcar, conservantes ou gordura, os docinhos devem ser consumidos junto com um copo de água meia hora antes das principais refeições. O motivo? Seus três principais ingredientes – hoodia, citrimax e guaraná – os quais são responsáveis por promover a saciedade do organismo”.

 

No conteúdo analisado do site, são grandes as dietas “instantâneas” usadas por celebridades que dão certo e as deixam lindas e magras. É como dizer ao público que ele também pode fazer tudo aquilo e ficar parecendo com quem se gosta e admira. Apesar de muitas matérias terem nutricionistas e cientistas falando, isso não significa que são totalmente confiáveis. O título de cada conteúdo faz com que os leitores se atraiam mais para as técnicas citadas do que para as precauções que devem ser seguidas, como em “8 truques para perder peso (sem pisar na academia)”.

 

Dentro da revista, existe uma sessão de “venda” de produtos, com diversas marcas expostas como Louis Vuitton, Empório Armani, Levi’s e muitas outras. Todos produtos com preços elevadíssimos, como uma bolsa de 5 mil reais. Editorias de moda também trazem nas suas fotos de modelos ao lado, os preços de cada peça e item usado. Grande parte da revista é composta por propaganda. Sem dúvidas essa é uma forma de induzir o consumismo. Todavia é um consumismo exclusivista, em que apenas parte da população (elite) pode se encaixar. Ao mesmo tempo em que Vogue insere todas as classes sociais, ela também acaba excluindo as mais inferiores.

 

Porém independente de seus leitores poderem ou não consumir os produtos, vemos que a intenção é estipular um padrão de beleza. E, mesmo depois de tantos direitos conquistados pelas mulheres, ainda existe um aprisionamento feminino em um estereótipo praticamente inatingível. 

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