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O crime perfeito?

 

Aline Ludtke

 

Na madrugada do dia 8 de março deste ano, um Boeing 777-200er, identificado como o voo MH370 da companhia aérea Malaysia Airlines decolou de Kuala Lumpur com destino a Pequim. Pouco menos de uma hora de viagem, a aeronave perdeu totalmente a comunicação com a torre, sem que houvesse avisos ou sinais prévios de algo errado. A ocorrência chamou a atenção das autoridades, que, passado o prazo previsto para a chegada em Pequim, concentraram-se em localizar o avião. Mais alguns sinais foram captados posteriormente, que indicavam uma mudança de rota intencional por parte de quem quer que estivesse no comando, mas mesmo com indícios da rota seguida, nenhum destroço ou sinal físico que desse pistas do paradeiro das mais de duzentas pessoas que estavam a bordo.

 

Boletins lançados periodicamente pela mídia reproduziam as possibilidades consideradas pela companhia aérea e os investigadores de vários países que se dispuseram a ajudar, mas que foram, posteriormente, refutadas: destroços encontrados em várias partes do oceano acreditadas pertenceram ao Boeing, sinais supostamente emitidos pelas caixas-pretas, mas que nunca foram encontradas, provável ato terrorista, sequestro e até suicídio do piloto. Um fato que chamou a atenção foi o de que os celulares dos passageiros podiam receber chamadas, mas nenhuma das ligações era atendida.

 

Com tanto suspense envolvido e completo embaraço das autoridades que ainda não conseguem prever o que aconteceu de fato, não faltam oportunidades para surgirem explicações alternativas. Sendo que muitos expõe sua opinião até nas redes sociais, creditando o sumiço do MH370 a uma ação alienígena ou mesmo à existência de um “Triângulo das Bermudas asiático”, outros constroem uma teoria estruturada com argumentos que parecem fazer sentido.

 

A principal delas foi motivada por que estavam entre os passageiros, vinte funcionários da Freescale Semiconductor, uma empresa que desenvolve semicondutores digitais para dispositivos eletrônicos, e que desenvolveu o chip subcutâneo que Obama pretende usar como parte de um programa de saúde. Dos cinco titulares da patente que teriam direito aos lucros do produto, quatro desapareceram com o avião, deixando, assim, seus direitos sobre a invenção para o titular restante, no caso, Jacob Rothschild. Assim, ele teria o poder de alterar as funções e usos do chip da maneira como desejasse. A teoria vai mais longe, descrevendo uma rede de dominação que estaria por trás de mortes de famosos que seriam contra seus interesses e até financiado o Nazismo, como meio de se manter no “domínio do mundo”.

 

A questão é que, se do lado “oficial” as informações são tão poucas quanto animadoras, do outro, oferece-se uma explicação, uma resposta. Talvez, para alguém que está a milhas e milhas de distância de um fato como este, isso não faça muita diferença. Mas para as centenas de famílias que não sabem se ainda vale a pena esperar pelo retorno de um ente querido as respostas fazem toda a diferença. E enquanto a mídia se restringe a divulgar notas e dados oficiais, e quem sabe citar uma ou outra hipótese que ganha popularidade, nas redes sociais existem diversas publicações aparentemente coerentes que oferecem ocupar a lacuna deixada pelo desaparecimento misterioso de um avião em pleno ar. Porém, por mais confortante – ou não – que seja acreditar em uma ou outra teoria, não é esse o ponto. Como seres críticos devemos nos negar ao ceticismo, que torce o nariz mesmo antes de sentir o gosto, e muito menos nos deixar levar por tudo o que é de “caráter oficial”. Quando não há nem fumaça, não podemos saber se há fogo. Mas não existe crime perfeito. Sempre há um vestígio a seguir.

    
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