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Guerra ao terror?

 

Conspirações sobre "11 de setembro" e sobre políticas de dominação

 

Andréia Moura

 

Dificuldade em aceitar impotência e improbabilidade: eis a raiz de toda tendência (inevitável e natural) que o homem tem de conspirar.  Fato é que, treze anos depois do que foi considerado o maior atentado terrorista de todos os tempos, o ataque ao World Trade Center (WTC) e ao Pentágono, teorias conspiratórias sobre o acontecido ainda continuam germinando em desafio à versão oficial dos eventos. Um número surpreendente de pessoas acredita que os ataques executados contra os dois símbolos norte-americanos (econômico e militar), não foi orquestrado pela Al Qaeda. E que, apesar de um saldo de 3 mil mortos, os responsáveis pela tragédia poderiam ser, tranquilamente, membros do próprio governo.

 

 James Hufferd, doutor em Geografia e um dos coordenadores da organização 911Truth (grupo criado para coletar informações seguras e sólidas sobre o “11 de Setembro” e espalhar tais conteúdos na web) é categórico ao afirmar que os atentados foram planos do governo. “Acredito firmemente que foi um  trabalho interno, executado pelo próprio departamento de segurança nacional”, conspira. Desde meados da década passada Hufferd está à frente de pesquisas que tentam comprovar que o ataque às Torres Gêmeas e ao Pentágono não passam de fraude.

 

Entre os conspiradores de 11 de setembro, duas teorias prevalecem. Uma acredita que agentes pertencentes à administração de Bush colocaram explosivos previamente no WTC e enviaram um míssil ao Pentágono. A outra versão, mais moderada, acredita que o governo sabia que os atentados ocorreriam, mas preferiu não mexer nenhum dedo em relação ao fato. As duas teorias creem que os ataques serviram de justificativa para a invasão norte-americana no Afeganistão e Iraque, bem como no fato de que o governo procurava pretextos para diminuir as liberdades civis no país.

 

Apesar de ter um fiel público interno, as teorias de conspiração relacionadas ao WTC recebem muito crédito fora dos EUA. No mundo árabe e na França, por exemplo, especulações sobre o assunto circulam larga e livremente e entre os franceses até mesmo livros a respeito do tema se tornaram best-sellers. Algumas das teses que tentam explicar o “11 de Setembro” chegam a culpar Israel pela tragédia. Neste caso, judeus estariam tentando obrigar uma ofensiva norte-americana contra muçulmanos.

 

David Griffin, professor de teologia norte-americano, há anos pesquisa a fundo as impossibilidades de os atentados terem acontecido conforme a versão oficial. “Os argumentos utilizados pelas autoridades para explicar o acontecimento violam diversas leis da física”, explica. Ele também enfatiza que se aplicarmos para este caso (e para outra centena de episódios) o conceito de milagre (acontecimento que viola as leis científicas) a história oficial estaria recheada de coisas miraculosas. Quando questionado a respeito de tais declarações parecerem loucura, afirma: “Loucos são os que acreditam que o acontecido nas Torres Gêmeas e no Pentágono foi realmente aquilo que nos foi dito”.

 

Por incrível que pareça, as teorias conspiratórias relacionadas ao “11 de Setembro” tem adeptos e estudiosos de todos os tipos. Entre os questionadores podem ser encontrados físicos, engenheiros, militares, sobreviventes da tragédia, pilotos de aeronaves. Os militantes da causa apresentam uma série de evidências “supostamente” científicas que tem o objetivo de exigir que novas investigações a respeito do caso sejam realizadas. Hufferd acredita que a dificuldade em conduzir um trabalho de maior crédito na reabertura do caso se deve a dois motivos. “Primeiro, porque a maioria das pessoas não gosta de pensar na possiblidade de que o governo seria capaz de matar intencionalmente milhares de pessoas e causar danos horríveis à nação. Em segundo lugar, as pessoas não estão mais pensando no assunto, já que a tragédia aconteceu 13 anos atrás”, teoriza.

 

O pilar argumentativo utilizado pelos conspiradores do WTC está relacionado ao fato de a queda das Torres Gêmeas apresentaram similaridades com um processo de implosão (explosão controlada). A versão oficial afirma que, com o choque dos aviões nos prédios, iniciou-se um incêndio que derreteu as estruturas metálicas dos edifícios levando, automaticamente, a um desabamento. Os que contestam o fato acreditam que explosivos foram plantados em pontos estratégicos do prédio a fim de produzir um abalo forte o bastante para provocar queda. É o caso do físico Steven Jones, graduado pela Brigham Young University, em Utah (EUA). Em entrevista concedida ao portal IG, Jones afirma que a cor avermelhada encontrada nos resíduos da poeira do “11 de Setembro” indicariam a presença de material explosivo, plantado previamente. “Isto é uma coisa que as autoridades americanas não conseguiram explicar até hoje”, ironiza.

 

Hufferd concorda com a ideia. Segundo ele, mesmo com os ataques na parte superior dos edifícios, o material utilizado para a construção das torres poderia ter facilmente resistido ao impacto dos aviões mantendo a parte inferior do prédio de pé. “Tudo leva a crer que detonadores foram colocados por pessoas que conheciam o prédio e não por terroristas”, afirma. Outro ponto que incomoda os conspiradores tem relação com os barulhos de explosões ouvidos durante a queda dos edifícios. Na época da tragédia, o bombeiro Edward Cachia declarou ao The New York Times que foram ouvidos sons similares a explosões internas enquanto as torres desabavam. Além disto, o material da torre foi pulverizado, o que indicaria um processo de explosões controladas. A força da gravidade, segundo especialistas, não conseguiria transformar todo o concreto do prédio e minúsculas partículas.

 

Outro questionamento levantado pelos contestadores do “11 de Setembro” se refere ao colapso do prédio 7 do WTC. O edifício ficava ao lado das Torres Gêmeas e, apesar de não ter sido atingido pelas aeronaves, também desabou aproximadamente 8 horas depois do ataque. A explicação oficial afirma que a queda se deu devido a um incêndio no prédio. Já os cientistas que pesquisam as possibilidades de fraude nos ataques, declaram que esta justificativa é improvável. As estruturas do prédio, feitas de aço, não permitiriam um desabamento do tipo.

 

O “11 de Setembro” também encerra outro mistério. O atentado ao Pentágono. As teorias conspiratórias sobre a tragédia afirmam, enfaticamente, que o que ocorreu no complexo militar foi, na verdade, o impacto de um míssil norte-americano. “É muito improvável que um avião de passageiros tenha caído sobre o Pentágono. O único ‘buraco de entrada’ era pequeno demais para ter sido feito por uma aeronave comercial”, explica Hufferd. Ele também relembra que não foram encontrados restos de um avião no local.

 

Um detalhe importante a ser pensado, neste caso, tem relação com declarações que o ex-presidente do Egito, Hosni Mubarak, fez na ocasião. Mubarak é piloto de formação. Em entrevista a CNN ele teria afirmado que seria impossível um piloto atingir o complexo sem ter sobrevoado a área previamente por bastante tempo. Segundo ele, o Pentágono é um prédio não muito alto e para um piloto se aproximar daquela maneira precisaria conhecer profundamente o ambiente. Sendo assim, como seria possível os EUA não terem se dado conta da iminência de um ataque?

 

 Tanta conspiração na tentativa de explicar a tragédia do “11 de Setembro” provoca, na verdade, certa estranheza e descrédito em parte significativa da população mundial. Hufferd, no entanto, afirma que existem motivos muito sólidos para contestar a versão oficial dos fatos. Ele recorda que durante o governo de Bill Clinton (no ano de 1999), um grupo de ativistas que se autodenominava “Projeto para um Novo Século Americano” divulgou um documento suspeito. O teor do texto dizia que era preciso remover Saddam Hussein do Oriente Médio e reconfigurar a região. “Eles diziam que para que algo assim acontecesse seria preciso uma espécie de novo ‘Pearl Harbor’. Somente assim o público norte-americano e o Congresso apoiariam uma política de ofensivas americanas contra a região”, explica. Hufferd acredita que “11 de Setembro” representa este  “novo Pearl Harbor” que militarizou a agenda do país.

 

Esta ânsia de acreditar em uma conspiração relacionada aos atendados ao WTC é, na opinião de Katy Olmsted, absolutamente compressível. Katy é professora de História da Univerisadade Davis, na Califórnia. Segundo ela, é algo comprovado e reconhecido que Bush, por exemplo, utilizou muita energia promovendo falsas teorias conspiratórias contra Saddam Hussein. O ex-presidente norte-americano pregou a posse de armas nucleares (jamais encontradas) no Iraque e até uma possível participação do país no “11 de Setembro”. “A administração de Bush manipulou a verdade e, até mesmo, mentiu diretamente durante a guerra no Iraque. Portanto, é natural que as pessoas se perguntem: ‘nos disseram a verdade sobre o 11 de Setembro?’”, reflete Katy.

 

A neurocientista canadense Laurie Manwell acredita que a atmosfera de terror pós-ataques cultivada pelos meios e pelas autoridades, permitiu que os EUA justificassem ações criminosas como espionagem aos cidadãos e à todos os países onde julgaram necessária tal medida, a escutas telefônicas não autorizadas, invasão de privacidade, etc. Griffin também enfatiza que a “guerra ao terror” fomentou os ganhos da indústria armamentista e a doutrina do direito a resposta a qualquer ameaça iminente.

 

Pensar no que significa a política anti-terrorista assumida pelos EUA e seguida pelas demais nações pós “11 de Setembro”, leva a uma inevitável constatação: o conceito de “ameaça terrorista” chega para substituir as velhas concepções do “perigo comunista”. Novas roupagens para uma velha política de manipulação de pensamento e de dominação. Atitude sempre protagonizada pelo bom e velho Tio Sam.

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