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O poder da dúvida

 

Emanoel Junior

 

 Todo mundo sabe que existem teorias de conspiração sobre diversos assuntos da vida. Mas já pensou em formular uma teoria (complexa, diga-se de passagem), para explicar um fato que não existe, que é só uma possibilidade? Se não, pense logo.. Isso dá uma bolada! O britânico Dan Brown pensou e investiu a carreira em contar esse tipo de história. Fez de “O Código da Vinci” um best-seller, contando o que seria da vida e da humanidade se Jesus Cristo tivesse tido uma história diferente.

 

 Com um simples “e se” que brotou em sua mente, ele se tornou um dos principais escritores de romances policiais do mundo. No livro (que se tornou filme sucesso de bilheteria, tempo depois), Dan sugere que Jesus tenha sido casado com Maria Madalena e que tenha tido filhos. Para quem sempre ouviu a história de um Jesus puro, a história é uma pura blasfêmia, pois mexe com aquilo que as pessoas vêem como sagrado. Porém, quando se começa a entender o livro, o impossível parece fazer sentido. E é aí que está o talento do autor: esquematizar e complexar teorias antes impossíveis e suscitar a dúvida.

 

 A vida de Jesus é um enigma de dois mil anos e abre espaço para milhões de teorias. Já ouvi dizer até que talvez Ele não tenha existido. Ou que Jesus, na verdade, são várias pessoas. Como uma obrigação mental, novamente queremos domar o desconhecido, queremos desvendar os mistérios da vida. Somos capazes de criar teorias detalhadas para explicar o inexplicável. Repetimos por várias vezes que é impossível entender a Deus, mas não damos o braço a torcer. Ainda temos certa fé na capacidade humana de explicar tudo e abdicamos do nosso limite. Isso dá a sensação de uma perda de tempo enorme: tentar fazer o que é declaradamente impossível, explicar o que é inegavelmente inexplicável. Enquanto tentamos fazer isso, o mundo real, aquele que é complexo de verdade, não recebe tanto esforço para ser resolvido. Parece que todos temos um pouco de Robert Langdon, o detetive do livro que descobre todo o enigma do ”Priorado de Sião”. Vivemos no mundo da fantasia com esse tipo de história e gostamos disso. Nesse caso, faz todo sentido um conspiracionista como Dan Brown fazer tanto sucesso.

  
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