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Cômico, se não fosse trágico

 

Luiz Gustavo Santos

 

Um debate entre presidenciáveis deve acirrado e conduzido com imparcialidade. Assim aconteceu no debate do dia 26 de setembro feito pela Bandeirantes. Houveram momentos de descontração e risos até mesmo do moderador Ricardo Boechat. Estes transformaram temas que deveriam ser encarados com seriedade em questões engraçadas e que viraram “memes” e se tornaram virais em questão de minutos pela internet.

 

Questões relevantes e de grande importância foram debatidas e discutidas pelos candidatos à presidência no debate daquele dia. O confronto entre os presidenciáveis foi “afiado” e trouxe bastante esclarecimentos em vários aspectos. No entanto, este não foi de grande validade, pois a atenção dos telespectadores esperava, assim como crianças em época de colegial, pelas “brigas” e falas engraçadas para vibrar. A participação de jornalistas com perguntas pertinentes, como Boris Casoy, também acabou marcando o debate. O novo modo como foi conduzido o evento frustrou os candidatos “nanicos” (que não movimentam a maior porcentagem de massa pública) como Eduardo Jorge, Levi Fidelix, Pr. Everaldo e a candidata Luciana Genro, que expressou sua indignação e teve como resposta imediata do moderador que tudo havia sido acordado com os assessores previamente.

 

O povo não percebe que está rindo do próprio país, de seus próprios governantes e de seu próprio futuro? Em suma, eles estavam rindo deles mesmos! A plateia presente no estúdio não se manifestava quando os candidatos esclareciam questões importantes com relação à economia, educação e saúde, mas, a partir do momento que algum dos candidatos falava sobre temas polêmicos como legalização da maconha, direitos da comunidade LGBT e escândalos “particulares”, logo se ouviam os risos e murmúrios. Também pudera! Não havia “povão” naquele debate. As pessoas presentes haviam sido convidadas e muito bem escolhidas. É basicamente um público eleito para que não existam controvérsias. O comportamento de quem estava presente no debate reflete, de certo modo, o comportamento de milhões de brasileiros elitizados e que tem interesse político. A prova disto está na quantidade de “memes” das falas dos candidatos ao invés de opiniões sérias sobre o que eles apresentaram no debate. A maioria dos usuários de redes sociais preferiram expressar comentários ofensivos ou “engraçadinhos” ao invés de expor críticas embasadas aos planos de governo. Isso porque a educação do público também é completamente precária.

 

Apesar dos pontos apresentados contra a organização do debate, a Band, como canal nacional de televisão, cumpriu seu papel. Na verdade, a mudança principal deveria ser proveniente do povo. Este deveria ser mais seletivo e comprometido com a democracia. Afinal somos nós, cidadãos, que temos a oportunidade de escolher e exercer a “democracia” na hora de votar. Pensando em tudo isso, só posso chegar à conclusão de que o país verde-amarelo é uma criança em relação à política. Então, que a maturidade venha para este jovem imaturo chamado Brasil. 

    
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