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Legenda é lenda

 

Nathália Lima

 

Votar e escolher os próprios líderes é “dever democrático” de todo o brasileiro. “Dever” pois não considero que algo obrigatório deva ser considerado direito de ninguém. Ter direito é receber. Dever é obrigação. Votar é obrigação. Logo, mesmo sendo parte da democracia e estando na constituição como direito nosso, considero o voto como “dever democrático”.

 

Continuando o assunto, de dois em dois anos, o povo deve escolher seus representantes. As maneiras de mostrar as mais diversas opiniões se dão através do voto em candidatos específicos. Pessoas conhecidas pelo público se candidatam a inúmeros cargos e, entendendo que eles sejam a melhor escolha para representar o povo, o cidadão vota no indivíduo, não em seu partido. Uma nova forma de votar é através do voto por legenda. Nesse caso, não interessa o nome do candidato, mas seu partido e os valores impressos nele.

 

A escolha não é específica. Não se faz necessário apontar representantes, mas sim votar nos partidos com os quais o eleitor tenha mais afinidade.

 

Por que não funcionaria?

 

Em um país politizado e que tenha educação, este tipo de votação até funcionaria. Quando a política não é socada “goela abaixo” do cidadão e todos tem um suposto “amor” pela pátria, entender as propostas de um partido e/ou das vertentes políticas é mais que natural.

 

O primeiro problema está relacionado à dificuldade que os próprios partidos têm de expor suas vertentes e opiniões defendidas. Apenas o básico está disponível para que o público pesquise e entenda. Não é algo exposto. E isso é, possivelmente, pelo fato de este não ser o interesse de quem está no poder. Quanto menos o proletariado sabe, menos pergunta. Quanto menos entende, menos reivindica. Pensando bem, nada é à toa. 

 

O segundo problema é que o Brasil não é um país totalmente politizado. Política, embora não pareça, é um assunto interessante e importante. E nas escolas brasileiras, esse assunto é banalizado. As escolas públicas, principalmente, não ensinam política.

 

A educação dada às crianças hoje não é tão diferente da que foi oferecida aos adultos atuais. Isso quer dizer que, se os pais não foram ensinados e as crianças não recebem essas instruções politizadas, a sociedade não tem interesse neste assunto. Se política é ensinada em sala de aula, dentro de casa nada será comentado. Ou seja, o cidadão não estará apto a pesquisar quais são as ideologias dos partidos. Não por falta de inteligência, mas por falta de oportunidade e vontade provenientes de uma má educação política.

 

Porque não!

 

Sendo assim, no momento, o voto por legenda não faz sentido no Brasil. Se o brasileiro não faz ideia de           quais são os princípios dos partidos e não está disposto a aprender por causa da falha na educação – que o ensinou que política é “chata” -, não vale a pena votar no partido inteiro. No fim, se tornará irrelevante e sem propósito a escolha. O resultado disso tudo será uma “pá” de gente nas ruas, manifestando sem nem saber o que quer ou o que tem direito de querer.

 

Não quero dizer que todo “brasuca” é ignorante e não sabe nada sobre política, mas grande parte das pessoas não aprendeu a ter interesse. E o fato de surgir diversos pseudocientistas-políticos na época das eleições só confirma a teoria de que o Brasil deveria ensinar mais política.

 

A mudança deve partir da educação. A partir do momento que os alunos forem ensinados a estudar e gostar do assunto “política”, nada impedirá que estes entendam os propósitos dos partidos e que o voto por legenda seja sucesso.

 

Não adianta mudar o que já acontece. Votar nos candidatos é mais fácil. Já vigora. Não funciona da forma mais correta, mas é ainda melhor do que escolher por ideias. As pessoas têm menos preguiça de pesquisar candidatos específicos do que de analisar propostas de partidos e compactuar (ou não) com uma ou mais delas. No momento, com a educação transformando a política em algo complexo e custoso de se entender, o voto na legenda é impossível de funcionar.

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