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Aquela menina questionadora

 

Thamires Mattos

 

Luciana Genro pode ser comparada àquelas menininhas questionadoras e que provocam altas discussões em sala de aula. Contra a "ditadura da chapinha", a gaúcha de 43 anos esquentou os debates do primeiro turno das eleições, provando que uma candidata “nanica” pode sim ter posições concretas e crescer nas pesquisas.

 

 A carreira política de Luciana começou quando ela tinha 14 anos, em 1985. Nessa época, ela fez parte do Movimento Estudantil no Colégio Júlio de Castilhos, localizado em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Foi eleita deputada estadual uma vez e federal por duas vezes consecutivas em seu estado.

 

Luciana é filha de Tarso Genro, atual governador do Rio Grande do Sul pelo Partido dos Trabalhadores e candidato à reeleição. Mas, como menina questionadora que é, decidiu que lá não era mais seu lugar. Pegou as trouxas, foi embora de "casa" e, em 2005, fundou o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), com o apoio de Heloísa Helena, Babá e João Fontes, outros ex-filiados ao PT. Visto como muitos como pólo dos jovens "filhos da revolução", o PSOL é favorável à pluralidade de ideias e ao estado laico. Entre suas principais bandeiras estão a regulamentação do aborto, criminalização da homofobia, descriminalização da maconha e igualdade de gêneros.

 

 Lu, como é chamada por seus simpatizantes, também defende a criação da Lei de Meios. Ela acredita que a atual situação do país não permite que tenhamos liberdade de imprensa. "Hoje, o que nós temos é liberdade para os donos dos veículos de comunicação publicarem o que eles acham que é adequado. Isso não é, efetivamente, liberdade. Nós queremos pluralidade e direito de expressão para todos os segmentos da sociedade", ressalta.

 

 Apesar de carregar uma bagagem de filosofias, as propostas que a ex-presidenciável e o PSOL mais ressaltam são de um governo para as minorias, que as torne prioridade em seus feitos. É de praxe: quando Luciana Genro fala, ela fala dos grupos "excluídos pela sociedade". Nunca foge do tema e nem se apavora. Tem propostas claras, embora despertem discórdia entre muitas camadas da população. Provavelmente o exemplo mais claro seja o apoio total e incondicional às comunidades LGBT. Tema que semeou divergências de opinião, inclusive nos debates (leia-se Levy Fidelix e seu comentário sobre o "aparelho excretor") é sempre pautado por Lu. "A minha candidatura é a única que tem tido a firmeza de colocar o tema da homofobia em todos os debates. É a única que tem tido a firmeza da necessidade da criminalização da homofobia, da garantia do casamento civil igualitário, a necessidade de um programa de educação nas escolas para que nós não tenhamos no futuro outras pessoas verbalizando ou pensando o que Levy Fidelix verbalizou e pensou", manifesta. Percebemos, nas entrelinhas, que ela quer a reconstrução da sociedade - não a demolição desta, como está.

 

Mesmo com o socialismo escancarado no nome do partido, Luciana acredita que não existe um modelo pronto para a mudança no Brasil - para ela, nem mesmo o partido fundado por ela representa a revolução que muitos desejam para política brasileira. "O PSOL não é o caminho. É parte dele", ressalta, sorrindo.

 

    
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