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"Pobre também é gente"

 

Thamires Mattos

 

Candidatos à presidência (“nanicos” ou grandes) possuem agenda lotada. Mesmo assim, o ex-presidenciável pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), Zé Maria, passou muito tempo falando comigo para que você pudesse ler essa entrevista. Apesar de muitas questões terem sido abordadas, provavelmente a primeira foi "qual é a sua operadora de celular? Aqui não está pegando direito". Depois de passarmos por essa turbulência várias vezes, encontrei nele um "companheiro" de reclamações. Nossa operadora de celular é péssima.

 

O PSTU foi fundado no momento em que uma das tendências internas do Partido dos Trabalhadores (PT) foi expulsa do partido após propor o estabelecimento de uma campanha pelo "Fora Collor" em 1992. Porém, a fundação oficial do partido ocorreu em 1993. José "Zé" Maria de Almeida, nascido em Santa Albertina, no Interior de São Paulo, tem 57 anos e muita história para contar. Ele participou da fundação do PT e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), mas esteve diretamente envolvido com a criação do PSTU.

 

Zé Maria acredita que a grande mídia faz algum tipo de boicote com relação às campanhas de candidatos que se opõe ao sistema político brasileiro. "É um ciclo vicioso. Em um país como o Brasil, com dimensão continental e mais de 2 milhões de pessoas, é impossível uma candidatura percorrer todos os municípios para apresentar e discutir suas propostas com o eleitorado. Isso só é possível fazer pela televisão, e à medida que ela discrimina algumas candidaturas, isso acaba afetando profundamente a democracia e o processo eleitoral", relata. Quando questionado sobre a Lei de Meios, se mostra muito favorável. Argumenta que o atual governo não canaliza o dinheiro para o jornalismo comunitário. "Acho difícil que o governo petista assine essa lei. Quando o PT chegou no governo fez tudo que os banqueiros e as grandes empresas queriam, inclusive as grandes redes de comunicação", complemente Zé. Segundo o candidato (que acabou perdendo as eleições), para democratizar a comunicação no Brasil é necessário que acabe o monopólio de grandes redes de comunicação.

 

Ao ser questionado sobre o rompimento com a dívida externa, afirma que "sai muito mais dinheiro do país do que entra", porém não propõe o bloqueio de exportações, ramo altamente lucrativo para o Brasil. No entanto, mesmo não bloqueando, quer que a maior parte de produção brasileira fique no país para que isto "beneficie o povo".

 

O socialista ressalta que a corrupção no Brasil tem ligação com o sistema econômico. Ainda complementa dizendo que "é assim para todo lado na sociedade capitalista". Como exemplo, usa o financiamento privado das campanhas de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB). "Você acha que as empresas que financiam a campanha deles estão em busca da promoção da democracia? Elas estão em busca de benefícios", enfatiza. Para ele, a "hierarquia da corrupção" começa com os banqueiros e vai até os indivíduos comuns.

 

O ex-presidenciável defende a mudança radical no sistema brasileiro. Quer que todos vivam com igualdade, em uma sociedade sem opressões. Para ele, tanto o socialismo subvertido como o capitalismo trazem malefícios à população. "Pobre também é gente", diz, ao ressaltar que "ninguém deve viver escravo dos bancos e das empreiteiras". Os ideais de Zé Maria estão mais claros do que nunca.

 

    
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