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Banalização é a arte do século

 

Nathalia Lima

 

A arte está em tudo. Tudo é arte. A conspiração, a irritação, a paixão frustrada, tudo isso, quando exposto de formas únicas, se transforma em arte. A arte também tem um infinito número de significados. Não é possível medir o que se está sendo dito.

 

A opacidade é grande. Não se pode ler uma obra por inteiro. Assim como existem inúmeros significados, podem ser notadas diversas interpretações.

 

Massificação acontece

 

Um exemplo de arte usada como manifestação está caracterizado nas obras de Banksy. Ele é um renomado pintor de rua, que utiliza a arte para expor suas críticas à sociedade. O diferencial de Banksy é que ele não tem seu rosto conhecido pela mídia. Sua vida privada é escondida do mundo. Este é seu maior manifesto. É seu meio de manter a aura de suas obras intactas.

 

Porém, este assunto não é tão simplesmente resolvível. Isso por causa da Cibercultura. O que já falei outras vezes em textos para o Canal da Imprensa. É praticamente impossível ficar "de fora" do mundo cibercultural. A conectividade cerca a todos. Por isto, cibercultura está completamente ligada à convergência entre arte e comunicação.

 

A massificação é auxiliada por esta “rapidez mundial”. Zygmunt Bauman fala sobre este problema. Ele associa a venda da arte a um “armazém de produtos para consumo, uma espécie de seção da loja de departamentos (…) na qual se transformou o mundo habitado por consumidores.” Ou seja, a arte perdeu seu significado por causa do consumo. Sua aura, seu real sentido, suas ideias iniciais mirabolantes foram mescladas ao capitalismo e perderam sentido (na mente de quem compra ou não sabe de onde ela vem).

 

Mas por quê?

 

Um exemplo de aura deturpada é notado na obra "O Grito" de Edvard Munch. Depois de muitos problemas em casa, como as mortes prematuras da mãe e da irmã e o fanatismo religioso imposto por seu pai no lar, Munch começou a expressar suas frustrações em forma de arte. Se tornou pintor. Sua decisão provavelmente tem muito a ver com tudo passou em vida.

 

As dificuldades e consequências dos problemas resultaram em obras fantásticas e, ao mesmo tempo, sombrias. Conhecido como o pai do expressionismo, pintou "O Grito" em 1903. O que muita gente não sabe é que Munch não se tornou famoso durante sua vida. Bem pelo contrário, na verdade. O norueguês teve suas obras retiradas de exposições na Alemanha por um período. O motivo estava relacionado às obras que "não tinha a ver com a cultura do país". Esta foi uma das frustrações do pintor que resultou em mais expressão e agonia expostas em seus quadros.

 

As suas pinturas tinham como principal objetivo expressar suas angústias. É nítido em casa traço dos quadros de Munch expostos por aí. No entanto, hoje, depois de setenta anos de sua morte, os reais motivos de suas pinturas terem sido feitas é vago e opaco. Não opaco em relação à obra, mas sem cor ou sentido. Isso acontece por causa desta comercialização da arte, resultante da cibercultura e de todas as catástrofes envolvidas à rapidez excessiva do mundo. O povo perde a cultura e acha que tudo é "legal". Assim como não tem interesse na política (só em época de eleições), também não se interessa em saber de onde vêm as obras com as quais têm contato.

 

A arte perde sua aura a partir do momento que todo mundo tem acesso a ela. O problema real não é conhecer a arte, mas não saber de onde vem e o que significa. Arte tem significado, mas o perde quando comercializada. Não é possível que a aura seja restabelecida a partir do momento que alguém a banaliza. É necessário um estudo de caso para que a arte não perca seu intuito inicial. Tudo tem motivo.

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