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Bons ou maus?

 

Aline Oliveira

 

Ao ouvir a palavra hacker, o que te vem à mente? Provavelmente um indivíduo que entende muito de informática, invasor de sistemas computacionais, criminoso virtual, que usa a suas habilidades para prejudicar outros na internet. Por exemplo, divulgar dados privados na rede. E é exatamente isso que a mídia informa e ensina sobre esse grupo. Mas esse é realmente o significado da expressão?

 

O termo hacker surgiu nos anos 50 nos Estados Unidos, no Massachussets Institute of Technology (MIT), e referia-se a pessoas com grande entendimento em sistemas computacionais, softwares e hardwares, modificando os programas do computador para melhor. No decorrer dos anos o uso da terminação hacker foi perdendo o seu verdadeiro significado, com isso os próprios hackers inventaram um novo termo, o cracker, para se livrarem de julgamentos errôneos. Cracker tem como definição aquele que quebra. Tem o mesmo conhecimento computacional que o hacker, mas a sua intenção é prejudicar. E são esses que cometem os crimes virtuais.

 

Apesar da criação de um novo termo, a mídia utiliza a expressão hacker de forma pejorativa. Ao analisar dois veículos de comunicação, Folha de São Paulo e Estadão, é nítido que ambos não utilizam a nomenclatura correta. Nos dois jornais os hackers são descritos como cibercriminosos, criminosos cibernéticos, invasores. No decorrer das matérias afirmações como “hackers invadiram”, “invadido por hackers em um ataque cibernético”, “ameaças cibernéticas”, “agressores digitais”, “havia sofrido um atentado”, são vistas em uma vasta quantidade. Em apenas uma matéria em comum na Folha e Estadão, os hackers são mencionados como os “mocinhos”. A matéria é intitulada “Hackers vão testar defesas de bancos britânicos contra ciberataques”. O lead é apresentado da seguinte forma: “hackers vão tentar penetrar as defesas eletrônicas de grandes bancos da Grã Bretanha e roubar informações de milhões de clientes. Mas desta vez serão bem vindos”.

 

A mídia apresenta os hackers como um grupo de pessoas ruins, com o único objetivo de invadir e atacar departamentos do governo, meios de comunicação e até mesmo a vida privada. Fazendo com que crackers se tornem hackers, dando a ideia de que todos são criminosos virtuais. E quando mencionam hackers ajudando a melhorar algum sistema, falam de maneira irônica e com um preconceito explicito. O pior dessa história é o conhecimento que a sociedade recebe, nem ao menos conhecem a história desse grupo contracultural, concordam com tudo o que a mídia impõe e acabam prejulgando e rejeitando a verdade sobre os hackers. Até quando iremos deixar que os estereótipos da mídia ditem como devemos pensar a respeito de determinados grupos?

 

 

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