
Saber é fundamental, explicar é obrigatório
Nathália Lima
A manifestação Hipster começou nos anos de 1940, relacionada e marcada por pessoas que gostavam de jazz urbano afro-americano. O gênero sofreu modificações até se tornar, na cabeça de muitos, apenas um estilo urbano de gente que “usa roupas diferentes para chamar atenção”. No entanto, os ideais desta classe são bem mais profundos e deveriam ser mostrados ao público exatamente como são.
Outro estilo que também manifesta suas opiniões a respeito da comercialização da arte é o Indie, que vem da palavra Independent (Independente, em português). Este está mais relacionado com o mundo artístico - música, arte, apresentações e produções independentes. Os dois grupos estudados são de vertentes diferentes, mas compartilham de um mesmo ideal: fazer o povo pensar diferente, ser independente. Pensando assim, o que ambos os grupos têm em comum? A manifestação contra a cultura industrial. São, hipoteticamente, movimentos de contracultura.
Diferentemente do usual (que é estudar veículos de comunicação específicos), a proposta será entender se/porque estas “tribos” tiveram suas identidades modificadas e de quem seria a culpa. Bora?
Quem, onde e como?
Contracultura nunca foi vista com bons olhos pelos pais de família. Antigamente, quem fosse libertário, tivesse ideias divergentes às do governo e se manifestasse contra era visto como rebelde. Os grupos Hipster e Indie ganharam espaço nos corações de muitas pessoas que compartilham destes ideais inovadores. O problema é que estas ideias não são reveladas a todos como devem ser. E o papel de apresentar estilos, lançar manifestações, mostrar ao público o inovador é da mídia.
Fato é que estes dois gêneros rebeldes são banalizados quase que sempre pelos meios. Por não saberem do que se trata, muitos se intitulam Hipsters ou Indies (ou ambos) achando que estes nomes estão ligados a estilos de moda. Em um texto da VejaSP online sobre o mundo hipster, o autor explica levianamente que “hipster não passa de um jeito diferente de classificar pessoas que, até há pouco, seriam tachadas de moderninhas”. Errada a resposta, moço. Engraçado é que outro veículo de comunicação do mesmo grupo Abril chegou a uma conclusão diferente.
No texto de Ana Carolina Prado “O que querem os hipsters?”, publicado pela Superinteressante online, a história é explicada decentemente. De acordo com uma pesquisa realizada pela professora de marketing da Universidade de Concordia, no Canadá, Zeynep Arsel que estuda o assunto desde 2003, “A principal premissa [...] é que o hipster é uma mitologia em vez de ser um grupo objetivo de pessoas. Em outras palavras, é uma representação cultural, um estereótipo, uma narrativa em evolução moldada pelo discurso público”, ou seja, não tem nada a ver com gente que quer chamar atenção pelas roupas que usa ou músicas que escuta. Tem a ver com cultura, com ideais.
E estes ideais defendidos por ambos os movimentos de contracultura são opostos ao mundo capitalista, que é regido por regras de comércio. Em manifestação contra esta padronização de vida, estilo e pensamentos trabalham os movimentos Indie e Hipster. Não é porque alguém está vestido roupas diferentes que pertence à classe “tal”. Se você curte ouvir músicas aleatórias e usar roupas diferentes, então você é diferente. Não hipster. Nem indie. Só será quando entender que o que está por trás é muito maior e mais valioso do que os pseudo-estilos que a mídia dissemina por aí. Afinal, ninguém se auto-intitula pertencente a nada. Ou você é, ou você não é. Ponto.