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Ideologias Ocultas

 

Juliana Dorneles

 

Como eu, antes de pesquisar para escrever este texto, talvez muitos outros tenham uma visão errada do que é o movimento punk. Por participarem de uma minoria populacional, eles não são um objeto de estudo da sociedade. Ou seja, o que a “tribo” realmente defende é desconhecido ou, no mínimo, obscuro para o público. Talvez por isso, chamem a atenção, despertam o interesse, ou até assustam com um estilo diferente e ousado.

 

Os punks têm ideologias e valores. Teoricamente, eles não se vestem de tal forma só porque gostam da moda (espero não ofendê-los com o termo “moda” que, diga-se de passagem, não é bem aceito por eles, pois é visto como modismo, aceitação social ou mera aparência). Porém, às vezes, podem parecer fúteis e banais pela forma em que a mídia os retrata. Mas enfim, quem são os punks? Quais são suas principais ideologias? Como a mídia pode influenciar esta visão do público?

 

Do começo

 

Os punks surgiram com grande força, por volta de 1974. Tinham (e ainda têm) a anarquia e a revolta política como umas de suas principais causas. Eles acreditam na ideia de construir seu próprio conhecimento, ou seja, se tornarem autodidatas. Com o passar do tempo, o número de simpatizantes diminuiu, caracterizados pelo estilo musical, comportamental e pela nova moda que lançaram. Atualmente outros elementos culturais os caracterizam, tais como artes plásticas, cinema, poesia, símbolos e códigos, expressões linguísticas, dentre outros.

 

Ao contrário do que muitos pensam, os punks têm sua ideologia a favor da paz. Eles zelam contra o nazismo, o machismo, a homofobia, o fascismo. Prezam pelo amor livre e pela liberdade individual. O movimento punk surgiu como um contraponto da ideologia dos hippies, uma reação à não-violência e suas atitudes.

 

Punks e a mídia x punks na mídia

 

Outra filosofia dos punks é evitar relações com a mídia tradicional. Eles consideram oportunismo aproveitar-se dela. O cantor e apresentador de programa televisivo, João Gordo, adquiriu espaço na mídia e foi criticado por muitos punks. Em uma entrevista em que foi indagado sobre o assunto ele afirma ser punk, mas por alcançar uma idade avançada e adquirir responsabilidades precisa deste emprego. Esta ideologia pode prejudicar o modo como eles são apresentados pela mídia.

 

Em 2011 aconteceu uma briga entre punks e skinheads (defensores do neonazismo). O conflito resultou na morte de um punk e na internação, por ferimentos graves, do adversário. Esse assunto ganhou destaque notável na mídia, diversos programas televisivos dedicaram grande espaço para abordar o caso. Não podemos negar que dessa vez o movimento punk se manifestou de forma violenta, mas a mídia usou do sensacionalismo para atrair mais telespectadores e não se importou com o fato de estar manchando o nome da tribo, levando em consideração apenas um ato negativo. Criou um estereótipo violento dos punks, que como outras pessoas de diferentes tipos e classes, também se envolvem em brigas. Não foi a primeira nem a última vez que este tipo de conflito aconteceu, mas nem por isso eles devem ser taxados de violentos sem causa. Eles defendem o uso da força em casos onde não há mais o que fazer. Mas isto as grandes redes não sabem – ou fingem não saber.

 

Por essa e outras situações, os punks não têm uma relação muito positiva com a mídia. Eles não querem fazer uso dos recursos dela, e ela, por sua vez, não ganha benefício nenhum em favorecê-los. A troca é inexistente. Por isso, a reciprocidade também. 

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