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A pregação do terrorismo

 

A CNN expõe os atentados terroristas e os vincula apenas aos extremistas 

 

Aline Oliveira

 

Assistindo a um seriado policial americano, me deparei com uma cena peculiar. Policiais procuravam o responsável pela implantação de uma bomba nuclear na cidade de Nova Iorque. De acordo com o caráter xenófobo e preconceituoso das autoridades norteamericanas da série, o principal suspeito só poderia ser o personagem palestino. Porém, uma surpresa escandalizou à todos. O verdadeiro autor do crime era um nativo soldado de guerra.

 

Esse tipo de julgamento antecipado acontece também na vida real. Assim, é comum encontrarmos determinadas nações que vinculam atentados terroristas à países do Oriente Médio, como a Palestina. Acreditam que pessoas nascidas nesses lugares têm obrigatória ligação com grupos extremistas capazes de realizar atos frios e cruéis à outrem. A temática do terrorismo é tratada pela CNN, veículo de comunicação dos Estados Unidos; por isso, determinadas matérias foram publicadas e é sobre elas que se trata a análise deste texto.

 

A reportagem intitulada Official: Cuba expected to be removed from State Sponsors of terrorism list (Oficial: Cuba espera ser removida da lista de Estados patrocinadores do terrorismo) fala sobre a recomendação feita pelo Departamento do Estado em retirar Cuba da lista de Estados patrocinadores de terrorismo, pois, para o presidente Barack Obama, o país não pode ser considerado uma ameaça. Há uma especulação se o presidente norte-americano irá realmente aceitar a sugestão e, também, como o Congresso americano poderá agir dependendo da ação presidencial. A matéria apresenta os lados opostos, ou seja, quem é a favor e quem é contra, mas é nítida a linha editorial do jornal. Eles são contra a retirada de Cuba da lista, pelo simples fato do conselho receber um espaço maior na reportagem.

 

“The United States cannot in good faith remove Cuba from the State Sponsor of Terrorism List while the Castro regime harbors terrorists who have killed Americans” (Os Estados Unidos não podem, em boa fé, remover Cuba da lista dos Estados patrocinadores do terrorismo enquanto o regime de Castro abrigar terroristas que mataram americanos), dizia o texto. Mesmo que alguns membros do congresso sejam a favor e, caso o presidente de fato aceite a recomendação, a CNN torce para que o Congresso se manifeste contra. “ ‘Take some time’ for the U.S. and Cuba to resolve all of their long standing issues. But [...] the facts show Cuba no longer belongs on the terror list” (‘levará algum tempo ́para os EUA e Cuba resolverem suas questões de longa data. Mas [...] os fatos mostram que Cuba não pertence mais a lista de terror).

 

O atentado de Boston, assim como a retirada de Cuba da lista, não possui ligação com o islamismo extremo, religião considerada a fonte da cultura terrorista. A ação de terror cometida pelos irmãos Tsarnaev em Boston no ano de 2013 parece ter novas informações, como traz a matéria intitulada Did the Boston terrorists get help buiding bombs? (Os terroristas de Boston precisaram de ajuda para construir bombas?). No decorrer do texto é mencionado que a polícia suspeita que havia alguém ajudando na construção das duas bombas e que provavelmente o suspeito irá realizar novos atentados. Baseado nessas informações, os agentes da polícia estão caçando o misterioso indivíduo. Lembrando que quando os irmãos foram considerados suspeitos do atentado, a polícia e a mídia buscaram por ligações com grupos extremistas islâmicos. Porém não encontraram nenhuma conexão, foram apenas suposições.

 

E mencionando os grupos extremistas, a CNN divulgou novas informações sobre a investigação do atentado do Quênia, que aconteceu no início do mês de abril deste ano. Kenya attack: Accounts suspected of funding terrorism frozen after massacre (Ataque no Quênia: contas de suspeitos de financiar o terrorismo são congeladas depois do massacre) é o título da reportagem, a qual explica que 89 contas bancárias estavam congeladas e que os suspeitos de apoiarem o grupo Al-Shabaab já tinham sido rastreados desde de 2011. “The government has tracked supporters of the terror group since 2011, and efforts to freeze their assets have gone on since then. It has a list of suspects from various parts of the country, but mostly in Nairobi and Mombasa” (O governo rastreou apoiadores do grupo de terror desde 2011, e foram feitos esforços para congelar seus bens desde então. O governo tem uma lista de suspeitos de várias partes do país, mas principalmente em Nairobi e Mombasa). Com o novo atentado feito pelos jovens radicais a polícia pode de fato investigar profundamente a relação dos suspeitos com o Al-Shabaab. A CNN apoia as ações da guarda policial e enfatiza a ligação com o Islã.

 

Outra notícia com relação a propagação dos ideias islâmicos é esta: ‘Blog’ of suspected Autralian teen terrorist Jake Bilardi reveals path to ISIS (‘Blog’ do suspeito adolescente terrorista australiano, Jake Bilardi, revela caminhos para ISIS) que menciona o jovem australiano como um seguidor fiel do islamismo radical. Bilardi, segundo o texto, executa suas ações em nome da sua nova religião. Na reportagem, eles mostram como é fácil para um jovem seguir essas ideologias e explica como é se converter por meio da internet. Em seguida, condena a adesão de determinadas pessoas e as caracteriza como alienadas diante dessa religião radical.

 

Podemos notar que muitas vezes o terrorismo é ligado a religião radical do Islã e, que é muito comum haver conivência com essa visão. As matérias realizadas pela CNN deixam isso claro, pois elas estão ligados a muitas mortes de americanos. A questão é que o terrorismo recebeu uma nova definição depois do atentado do 11 de setembro de 2001, na qual apenas grupos extremistas com ligação religiosa são os responsáveis pelos atentados. Por exemplo, no caso do copiloto que jogou o avião nos Alpes Franceses, a primeira reação da polícia e da própria mídia foi tentar descobrir se Lubitz tinha relação com grupos terroristas. Após ser provado que não havia nenhum elo, o caso foi tratado como um suicídio em massa.

 

Terrorismo é tudo aquilo imposto por terror, medo e violência contra um indivíduo ou uma comunidade. É claro que os grupos radicais praticam o terrorismo, porém esse não é o único exemplo. Como jornalistas, é nossa responsabilidade veicularmos sem partidarismo todo e quaisquer tipos de atitude inspirada pelo terror. 

 

Tradução dos textos da CNN: Ilana de Oliveira

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