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O terror é o "fazer acreditar"

 

A coisa mais constante que observei, em minha leitura dos textos desta edição, foi a tentativa de nossos articulistas de definir o termo "terrorismo". Na maioria das vezes, a fim de impor limites aos pontos que pretendiam abordar. Pois bem, para não fugir à regra, busquei também, para este texto, uma boa definição.

 

Faço  uma mescla que resultou na seguinte conceituação: Terrorismo é o uso de violência física ou psicológica, praticada por indivíduos ou grupos político/religiosos, contra pessoas, entidades, países, governos que (aparentemente) representam opiniões e ideias contrárias à dos atores das ações e que visam a incutir medo, terror, a fim de obter efeitos que ultrapassam o círculo de vítimas diretas, incluindo, antes, o resto de uma população ou território, que, mesmo não sendo atingida diretamente, sofre efeitos pisicológicos da ação.

 

Definição extensa, mas que (em minha visão) cobre a maior parte dos ângulos da questão.

 

Que posso dizer a respeito da mídia e suas relações com terrorismo? Há tanto e ao mesmo tempo tão pouco a ser dito. Poderíamos tratar de cada um dos efeitos que a potencialização midiática causa às ações dos muitos grupos terroristas que povoam nosso mundo. Ao passo que, é simples sintetizar tudo isto em um pequeno termo: Agenda Setting.

 

Falamos, como sociedade, como comunidade, sobre terrorismo? Sim. Este assunto importa ser tratado, discutido, entendido, combatido? Certamente. Mas, de que forma falamos de terrorismo? Esta é a pergunta que merece reflexão.  Costumamos relacionar o assunto a questões religiosas, a estereótipos físicos, a nacionalidades.... E isto é tão limitante e assustador. Assusta porque demonstra o tamanho do poder de agendamento de nossa mídia. Duvido que grande parte da população conheça grupos como o IRA ou Sendero Luminoso. Duvido que a população conheça as motivações e ideologias de tais grupos. E porque mesmo?

 

Agendamento.

 

Gostamos de pensar e difundir terrorismo como atitude islâmica. Aprendemos termos como "Al-Qaeda", "Jihad", "Talibã", mas quantos sabem o que é "maoísmo" ou "paramilitarismo"?

 

Há grande enfase no fato de os terroristas se aproveitarem do poder e alcance da mídia para perpetrar atos ignóbeis. Não nego. Mas preciso (quero e acho necessário) trazer luz a outro ponto. A mídia tem um pretenso poder de nos "ensinar" o que pensar. De querer nos ensinar a pensar. E a pensar coisas que resultam em que? Estereotipar comportamentos, menosprezar diferenças.

 

 E isto, na minha concepção, representa violência psicológica praticada por um grupo (politico, sim!) contra pessoas que podem ter opiniões contrárias as pretendidas, visando a incutir medo e obter efeitos pisocológicos que ultrapassam o individual, massificam.

 

Ok. É terrorismo ou não é?

 

Bem vindo ao Canal da Imprensa desta quinzena. Discutindo mídia, terrorismo e assumindo uma postura "contraterrorista" em relação à massificação de pensamento!

 

 

Andréia Moura

Editora-chefe do Canal da Imprensa

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