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Essência sem delongas

Thamires Mattos

 

Já ouvi falar que alunos mais organizados são mais inteligentes e tiram melhores notas. Se essa regra metódica se aplicar a jornais, o The New York Times tem muitas habilidades. No quesito “terrorismo”, esse “caderno” americano está organizado por número de páginas, marcadores especiais, canetinhas coloridas e setas gigantes que apontam para tópicos importantes – quase todos, no caso.

 

No portal do NYT, há uma sessão dedicada aos eventos que envolvem terrorismo e contra terrorismo. Uma lista de possíveis fontes para explicar os assuntos é encontrada ao lado das notícias. Em parceria com o Shorenstein Center, da Universidade de Harvard, fica disponível aos leitores um histórico do terrorismo muçulmano- americano desde 11 de setembro de 2001. Um estudo sobre o fenômeno de crescimento da religião islâmica extremista e uma pesquisa, datada de dezembro de 2011, feita pelo Institute for the Study of Labor (Instituto para o Estudo do Trabalho) com o título Are Drone Strikes Effective in Afghanistan and Pakistan? On the Dynamics of Violence between the United States and the Taliban (Os ataques com drones são efetivos no Afeganistão e no Paquistão? A dinâmica de violência entre os Estados Unidos da América e o Talibã). Um dos resultados foi a localização de “fortes impactos negativos nos ataques de drones mal sucedidos sobre violência Talibã no Paquistão, que mostra que os efeitos dissuasivos de ataques de drones são bastante fortes, enquanto seus efeitos incapacitados são fracos ou inexistentes” (tradução livre).

 

Abrangência de cobertura

O NYT mantém uma cronologia da cobertura de eventos terroristas ou contra terroristas. Se engana quem pensa que apenas terrorismo islâmico é noticiado. Apesar de ser o que mais aparece nas páginas de jornais do mundo inteiro, o NYT gosta de dar atenção a outros acontecimentos. No dia 10 de abril de 2015, o destaque era uma afirmação do presidente dos EUA, Barack Obama, feita em uma reunião com líderes latino-americanos. Para ele, Cuba deveria deixar de ser considerada um país patrocinador de atentados. No dia 15, a informação foi reforçada: Presidente Obama planeja tirar Cuba da lista do governo de países que patrocinam o terrorismo, removendo um grande obstáculo para a restauração de relações diplomáticas depois de décadas de hostilidades.

 

A Rússia apareceu na cronologia de eventos. No dia 20 de abril, Aliaskhab Kebekov, líder do Emirado do Cáucaso (maior grupo terrorista da região no momento), foi morto por operações contra terroristas do país. O NYT explorou a história e mostrou que existem dúvidas quanto à morte de Kebekov. A Rússia redobrou seus esforços antiterroristas antes dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014 em Sochi. Doku Umarov, o antecessor de Kebekov como chefe do grupo militante, convocou seus seguidores publicamente para atacar os jogos, mas nenhum ataque se materializou. As autoridades russas afirmaram logo após os Jogos Olímpicos que Umarov estava morto. Pode ser difícil atestar de forma confiável as mortes de militantes proeminentes na Rússia. As autoridades tinham declarado a morte de Umarov só para ele reaparecer mais tarde.

 

Ainda assim, especialistas em contra-terrorismo e na região do Cáucaso que foram entrevistados na segunda-feira, 20 de abril, disseram que as alegações oficiais da morte de Kebekov eram provavelmente verdadeiras. Os sites de militantes russos como Kavkaz-Center havia relatado o mesmo acontecimento”. Altamente explicativa, a reportagem nos mostra o lado corrupto do governo russo. Os falsos relatos da morte de Doku “Dokka” Umarov, ex-líder do Emirado do Cáucaso, favoreciam a imagem estatal enquanto duravam.

 

Quando Dokka renasceu das cinzas falsas do marketing governamental, foi instalado um estado de pânico. A suposta confirmação da morte de seu sucessor, Aliaskhab Kebekov, veio para acalmar os ânimos da população.

Jornais americanos tradicionais costumam favorecer o governo dos Estados Unidos. Porém mesmo se encaixando nessa categoria, o New York Times procura a imparcialidade utópica. Faz jornalismo em essência. Busca informações e as noticia. Sem mais delongas e opiniões, trabalha para informar. 

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