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No alvo da mídia

 

Como o Estado Islâmico usa a mídia para fazer sua cobertura sobre terrorismo 

 

Luana Telles

 

Liberdade de expressão em crise, torturas, repressões. Quando o tema é Islamismo (suas crenças, práticas), no primeiro momento, muitos têm impressões ruins sobre o assunto. Pensam em casos an- teriores de terrorismo executados por pessoas do Estado Islâmico (EI) e são incapazes de negar e se desvincular de qualquer ensina- mento obtido pelos meios de comunicação.

 

Mas o que leva determinados grupos fundamentalistas a expor esses atos de terror na mídia? Bom, eles não temem a repressão. Acreditam que a vida é pequena demais se comparada às causas de- fendidas. Assim, um dos propósitos passa a ser a coibição de algum tipo de manifestação contrária ao terrorismo.

 

Ainda mais intrigante é a forma como os atos terroristas são expostos na mídia de maneira tão transparente. Se por um lado o governo tem interesse de filtrar o que acontece no país, a outra face da moeda - terroristas - mostra as atrocidades à fim de silenciar a voz de quem quer que seja contrário aos seus ideais.

 

Ao abordarmos tal assunto entramos no relativismo cultural, ou seja, interpretação da ética sob o olhar de cada sociedade. A popula- ção dos países praticantes do terrorismo permanece em silêncio, pois foi moldada a acreditar nessas ideologias. Mas o que o mundo pensa da prática do EI, em especial? Tudo isso é pautado pela mídia. Na prática, nosso ponto de vista é construído pelos conteúdos midiáticos que geralmente se apresentam desfavoráveis aos atentados.

 

Os veículos de comunicação são usados por terroristas para chamar atenção do governo e fazer propaganda para extremistas. Questões relacionadas à política e religião são os enfoques dessas guerras, onde ideologias ditas imutáveis vem à tona. No caso dos Países Islâmicos, a represália está ligada principalmente por motivos religiosos atrelados a figura de Alá e seu profeta Maomé.

 

À exemplo dos ataques terroristas que são divulgados na mídia, neste domingo, 19 de abril, o Estado Islâmico divulgou um novo ví- deo que mostra cristãos etíopes sendo mortos na Líbia. O grupo de trinta cristãos foi levado à Costa do Wilayat, Mar Mediterrâneo, onde uns foram decapitados e outros mortos com tiros a queima roupa. Durante o vídeo, um dos jihadistas (EI) ameaça cristãos contrários às práticas do grupo islã com a seguinte frase: “à nação da cruz: esta- mos de volta”.

 

Dar destaque para atos terroristas é um dos maiores objetivos dos grupos de radicais islâmicos. Ao atuar no cenário social, eles pa- recem não apresentar nenhum sentimento de compaixão. Utilizam, a todo custo, a mídia para criar uma ideia de medo ou submissão. É de se impressionar tamanha indiferença para com os sentimentos e per- cepções alheias. A incapacidade de se colocar dentro do outro, de sentir suas dores, de buscar compreensão e de exercer alteridade é praticamente nula.

 

O ato de aceitar o outro é imprescindível. Uma necessidade que devemos buscar encontrar nos seres humanos. Deve-se pensar em como nós agiríamos se estivéssemos no contexto do outro. Através de suas manifestações nas mídias, vemos exatamente isto: incapaci- dade de assimilar através dos sentidos a necessidade vital de qual- quer pessoa. 

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